26 de julho de 2010

A RIGOROSA INUTILIDADE DE TUDO

durante meses vi amanhecer quando as aves brancas
chegavam do norte

quantas madrugadas surgiram quando as luzes se apagavam
quantas gerações de poetas obscuros se sentaram nessas
pedras cinzentas!

eu sempre amei os continentes longínquos
lugares estrangeiros e puros a extrema solidão das
aldeias adormecidas a nostalgia dos dias atlânticos...

já a minha vida fixara a mudança dos ventos
o ciclo das estações
a rigorosa inutilidade de tudo...

foi nesse tempo de meditação que li o nada
e sobretudo
os viajantes

incessantemente procurei um sentido para os dias e para
as noites
interroguei-me sobre as civilizações antigas

eu guardara a desmedida fascinação dos planaltos
a clara alegria de algumas cidades marítimas
velhas canções do mundo imensas revoluções...

durante meses vi amanhecer quando as luzes se apagavam

incessantemente procurei um sentido para os dias e para
as noites



a rigorosa inutilidade de tudo...

Saahira.